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13/05/2016

13 de maio
Passados 128 anos e grande parte da elite ainda acredita que lugar de negro é na senzala

Ascom/SECI
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- Bom dia vizinho! Estou precisando sair, mas vai chegar uma encomenda pra mim. Será que alguém poderia receber?
- Olha com aquela moça que se mudou pra casa ao lado.
- Ah não, acho que ela é a faxineira.
 
No cotidiano de uma mulher negra como Elisabeth Silva não faltam exemplos de como a divisão entre brancos e negros continua presente na sociedade brasileira. A assistente sindical do Sindieletro-MG, Regional Vale do Aço, não desqualifica a profissão de faxineira, mas tem a consciência de que esse comentário só foi feito devido à sua cor.
 
Mesmo depois de assinada a Lei Áurea, que libertou os escravos, em 13 de maio de 1888, muitas pessoas alimentam, às vezes sutilmente, a separação entre brancos e negros. Enquanto o lugar de um seria na casa-grande, exibindo seu diploma de doutor e suas posses, o outro se recolheria na senzala, após um cansativo trabalho braçal, sem ter direito a nenhum vintém. 
 
Mistura social
 
Mas o que acontece se a barreira que separa os lugares reservados a um e a outro for aos poucos se desfazendo? Essa é a questão que está colocada no Brasil atualmente, segundo Elisabeth, que também milita no Movimento Negro do Vale do Aço. “Tudo isso que está acontecendo não é somente uma luta contra a corrupção, mas é para tirar um governo que apresenta políticas públicas mais voltadas pra atender as minorias (que na verdade são maioria). É uma disputa entre o social e o econômico. O que as camadas dominantes querem é que prevaleça o econômico, sem pensar nas políticas sociais”.
 
Essa disputa entre o econômico e o social, segundo ela, é um dos reflexos da abolição dos escravos que até hoje não foi aceita. Tanto que muitas pessoas ainda se incomodam ao ver um negro que é médico, por exemplo. “Isso revela um medo de que a nossa classe ocupe o espaço que antes era só deles”.
 
Preconceito e ódio
 
O medo de dividir espaço com quem sempre viveu à margem da sociedade tem feito com que muitas pessoas escancarem o seu preconceito, sobretudo, nas redes sociais. “Elas fazem da liberdade de expressão uma justificativa para afrontar o outro. Hoje é muito pior do que há 10 ou 15 anos. Antes o preconceito estava no momento da admissão, nas abordagens policiais... Mas hoje, em função das redes sociais, isso expandiu e aflorou”.
 
Para Elisabeth, toda essa discussão embutida no ódio e em todas as formas de preconceito é parte de um legado da época da abolição. De lá pra cá, a condição do negro foi melhorando à medida que ele passou a se posicionar, cobrando seu espaço, seus direitos e exigindo políticas públicas. 
 
Contudo, a assistente afirma que ainda há muito a conquistar para que a verdadeira liberdade seja alcançada. “Uma coisa é você criar políticas públicas, outra coisa é dar condições de acesso, como por exemplo, quando o filho está na faculdade, não é só passar no vestibular, é dar condições para sua permanência, no que diz respeito a trabalho, transporte, etc”. A militante destaca que é essencial lutar pelos direitos básicos previstos na Constituição Federal: saúde, educação, moradia e lazer.
 
Luta coletiva
 
Garantir esses direitos essenciais é uma luta que o movimento negro acredita que deve ser travada coletivamente. O momento atual vivido pelo Brasil fez com que os movimentos populares se unissem para defender um projeto que tem diminuído, na última década, as desigualdades sociais. “Mas, passada essa fase, não podemos parar as lutas. Temos que ter coragem de apontar e cobrar daqueles que nos representam o compromisso com os interesses do povo”.
 
Essa convocação relembra o papel decisivo dos defensores da abolição em 1888. “Cada lei em nosso benefício tem uma história de luta por trás dela. Nada foi concedido a nós por vontade dos senhores”. 
 
O 13 de maio é, então, uma data para resgatar esse espírito de luta e questionar. Os atuais “senhores de escravos” querem, a todo custo, reformar a senzala, reforçar as correntes e aumentar a distância que separa negros e brancos, pobres e ricos. “Para que não haja retrocesso, é preciso que sempre voltemos às ruas”, conclui Elisabeth. Com a força das camadas populares é possível construir uma sociedade mais humana, com justiça social e igualdade.
 

Fonte : Ascom/SECI




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