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Dia Contra Discriminação Racial
Chacinas expõem discriminação racial

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Chacinas expõem discriminação racial
Ativista social do RJ fala sobre a violência contra corpos negros
 
Kathlen Romeu. Uma jovem negra, design de interiores, que foi visitar a família no Complexo do Lins, favela na Zona Norte do Rio de Janeiro, foi morta com um tiro de fuzil, no peito, disparado por um policial militar. Ela carregava em seu ventre um bebê. O caso de assassinato, cometido em 08 de junho de 2021, continua sem conclusão. É um exemplo nítido de como os homicídios de pessoas negras e/ou de periferias têm sido tratados no Brasil. Assim como aconteceu com os assassinatos de Genivaldo de Jesus, Gabrielle Ferreira da Cunha, Miguel Otávio, João Pedro, Marcus Vinicius, Agatha Felix e muitos outros. “As pessoas continuam vivendo suas vidas como se nada tivesse acontecido”, destaca o ativista social, membro do coletivo Aliança Antirracista e Coordenador do Portal e Jornal Impresso do Voz das Comunidades, Jonas di Andrade. Com a aproximação do Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial, celebrado em 03 de julho, o Informativo Comerciário entrou em contato com o educador popular para analisar como a atual política de segurança têm tratado a população negra.
 
Chacinas e mais chacinas
 
Um ano depois da chacina mais letal do Rio de Janeiro, a ocorrida na favela do Jacarezinho, com 28 mortos, ocorre mais uma chacina, no dia 24 de maio deste ano. Dessa vez na Vila Cruzeiro, com 23 mortos. De acordo com Andrade, esses episódios não se tratam de casos isolados, por mais que tentem justificar tamanha carnificina por parte do estado. “Não há dúvidas de que diariamente o estado impulsiona aqui uma política de extermínio dentro das favelas. Em 2021, de acordo com o relatório do Instituto Fogo Cruzado, houve em média 13 tiroteios por dia e cinco baleados a cada 24 horas no Rio”. Para ele, é uma segurança pública produzida a partir da morte, não da vida.
Essas chacinas, assim como a da Candelária, que completa 29 anos no dia 23 de julho, estão todas relacionadas pelo recorte racial, já que grande parte dos mortos tem a pele negra. “Em se tratando de Brasil, país cuja violência advém desde do período colonial, seguida da escravização negra africana e brasileira, trazer ao cerne da questão o recorte de raça é fundamental. A violência policial contra corpos negros ainda é uma realidade, principalmente dentro das favelas e periferias. Corpos esses que são desumanizados para logo em seguida justificarem a execução”, destaca o educador.
O Atlas da Violência 2021 demonstra essa realidade apontada por Andrade. Segundo a pesquisa, os negros têm mais que o dobro de chance de serem assassinados no Brasil. Em 2019, 77% das vítimas de homicídios eram negras. É por isso que o ativista defende que essa política atual adotada pelo estado não combate a violência, pelo contrário, a produz e expande. “Os policiais são treinados para matar. O corpo negro na favela é alvo, independentemente de quem seja. O racismo é uma das munições que o Estado utiliza para construir sua necropolítica (política pautada em quem deve viver e quem deve morrer)”, afirma. 
 
Contra a naturalização da barbárie
 
Outro problema que ele aponta dessa violência cometida pelo estado é que interrompe a vida não só das pessoas que a sociedade, antes de qualquer investigação, diz serem bandidos, e sim a de famílias inteiras. “A frequente operação traumatiza crianças, prejudicando de maneira devastadora a saúde mental, faz com que elas naturalizem a dor, o luto e a barbárie. Há consequências inimagináveis com isso”. Nesse sentido, a mídia independente, como o jornal comunitário Voz das Comunidades, distribuído no RJ, ajuda a demonstrar que nas favelas, ao contrário do que a mídia hegemônica reforça, há muita gente de bem, que sofre extremamente com as ações policiais. “Crianças deixam de ir às escolas. Adultos deixam de ir ao trabalho. A saúde mental de cada um deles não existe nesse espaço. Enquanto isso, o Estado é visto como a entidade que vai levar segurança aos moradores, quando, na verdade, nem saneamento básico existe ainda”.
Portanto, à exemplo da comoção internacional que houve com o assassinato de George Floyd, nos EUA, a população precisa enxergar que mortes como essas têm ocorrido diariamente em solo brasileiro. E assim questionar essa política para construir uma outra que realmente promova a vida e traga segurança ao povo. Só dessa forma a discriminação racial poderá ser combatida e a justiça social alcançará a todos. 
 






Juntos somos fortes!
(SECI)



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