Ascom/SECI
“A tradição dizia pra ninguém meter a colher,
mas isso salva uma mulher”.
Alok e GR6
“Jamais cometer um ato violento contra as mulheres e não fechar os olhos frente a essa violência”. Com esse lema foi criada a Campanha do Laço Branco, uma iniciativa dos homens pelo fim da violência contra as mulheres. Sua origem está ligada ao crime ocorrido em 06 de dezembro de 1989. Nesse dia um rapaz de 25 anos assassinou 14 mulheres da turma de engenharia da Escola Politécnica, na cidade de Montreal, Canadá. Para esse jovem, o curso deveria ser só para homens. Esse tipo de crime, conhecido como feminicídio, infelizmente não é coisa do passado. No Brasil, há um caso de feminicídio a cada seis horas e meia, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Por causa dessa grave situação de violência e desigualdade, a Campanha do Laço Branco é realizada todos os anos em mais de 50 países. E o SECI, como parte da sua luta em defesa da vida, abraça essa causa promovendo uma atividade no dia 03/12 (sexta-feira), de 12h às 17h, na Praça 1º de maio, no Centro de Ipatinga.
Dados alarmantes
De acordo com uma pesquisa do Instituto Datafolha encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), uma em cada quatro mulheres acima de 16 anos afirma ter sofrido algum tipo de violência no último ano no Brasil. Isso quer dizer que cerca de 17 milhões de mulheres sofreram violência física, psicológica ou sexual no último ano. Essa pesquisa também aponta que a maioria das mulheres sofrem violência dentro da própria casa e os autores de violência são pessoas conhecidas da vítima. Outro dado apresentado pelo Datafolha é que 51,1% dos entrevistados relatam terem visto algum tipo de situação em que mulheres foram expostas à violência no seu bairro ou comunidade ao longo dos últimos 12 meses.
Machismo mata
Mesmo depois de 15 anos da criação da Lei Maria da Penha e da existência de canais de denúncia, como o 180, os casos de violência continuam a permanecer em silêncio. Segundo a pesquisa, 44,9% das mulheres não fizeram nada após sofrerem agressão. O SECI acredita que é urgente mobilizar a sociedade para o enfrentamento da violência contra as mulheres. E para que isso seja possível, é preciso mexer nas raízes do problema, ou seja, derrubar o machismo que faz os homens acharem que são superiores às mulheres.
Em evento do Ministério Público do Paraná, o pesquisador estadunidense Quentin Walcott, destacou que a violência começa no modo como os homens vêem a mulher na sociedade e se comportam em relação a ela. Segundo ele, os homens são os autores de grande parte da violência, porque desde cedo, aprendem que têm que ser “machos”. Além disso, eles têm privilégios que as mulheres não têm. Para ele, as estruturas sociais não promovem a igualdade. Assim, ao ver as mulheres como inferiores ou como objetos, fica fácil maltratá-las.
Ideias que alimentam a violência
Frases como “tinha que ser mulher”, “isso não é lugar de mulher”, “comporte-se como uma mocinha”, “mas a sua roupa estava curta demais" e “é mulher de malandro”, são algumas das que fazem parte desse universo que desvaloriza e até criminaliza as mulheres vítimas de violência. Em entrevista à Revista Radis, a psicóloga judiciária no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), Mirian Béccheri, afirmou que o machismo traz prejuízos individuais e sociais para a mulher (assédios, menosprezo do feminino, violências em relacionamentos afetivos e outras relações sociais), e impacta negativamente também o homem. Ela, que trabalha com casos de violência de gênero e estudou o tema em seu doutorado na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), explica que os novos posicionamentos e posições da mulher nos espaços públicos de poder ou o simples fato de ela não cumprir com os papeis tradicionalmente esperados dela, como esposa ou mãe, podem implicar em conflitos. Ou seja, a violência é usada para “corrigir” as mulheres que saem dos padrões impostos ou que ameaçam os privilégios dos homens.
Dizer não à violência é exigir respeito
Por isso, nessa Campanha do Laço Branco realizada pelo SECI a proposta é chamar a atenção para o fator que gera a violência: o machismo. É preciso destruir as ideias que classificam a mulher como incapaz, que limitam o seu potencial e a colocam em um lugar em que é explorada. Para o SECI, quem defende a vida não pode achar normal uma mulher “ter que se dar o respeito”. Não! É preciso respeitar as mulheres, independente da situação, do lugar em que ela está, da roupa que veste, de como ela pensa ou se comporta. Ninguém tem o direito de decidir sobre suas vidas, corpos e ideias. Por isso, é preciso ter atenção para não ficar do lado do agressor, procurando justificativas para a mulher que foi estuprada, agredida ou morta. Lutar pelo fim da violência deve ser uma tarefa cotidiana. Quem sonha com um mundo justo, sem desigualdade e violência, está convidado a “meter a colher” nessa campanha, assumindo o seu compromisso de enfrentar o machismo.
Para se inspirar na luta contra a violência
Filmes:
Vidas Partidas
As Sufragistas
Lovelace
Histórias Cruzadas
Anjos do Sol
Terra Fria
Preciosa – Uma história de Esperança
Revolução em Dagenham
A Cor Púrpura
Acusados
Dormindo com o Inimigo
Miss Violence
Pelos Meus Olhos
Um céu de estrelas
Como se fosse da família
Nunca Mais
Porto seguro
Um lugar para recomeçar
Antônia
Harriet
Papicha
Sorriso de Monalisa
5 Graças
Deus é mulher e seu nome é Petúnia
Estrelas além do tempo
A informante
Documentários:
O Renascimento do Parto
Silêncio das Inocentes
Lockdown: Não Tem Vacina
Que bom te ver viva
Virou o jogo – A história de Pintadas
Séries:
Big Little Lies
Coisa Mais Linda
As telefonistas
Jessica Jones
Inacreditável
Orange Is The New Black
Bom Dia, Verônica
A Vida e a História de Madam C. J. Walker
Denuncie!
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Ligue 190 – PM
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