IPATINGA – Para permanecer no imóvel do Shopping do Vale do Aço, a Cooperativa de Consumo dos Empregados da Usiminas (Consul), terá de desembolsar R$ 32 milhões. O depósito do valor, que será feito em juízo, ocorrerá de forma parcelada, até fevereiro de 2017.

 

O imóvel pertence à Usiminas que, apesar de ter cedido o local em regime de comodato à cooperativa, manifestou interesse em sua venda no ano de 2013. Em entrevista concedida na tarde dessa segunda-feira (13), o presidente da Consul, Matusalém Dias Sampaio, acompanhado do advogado Rodrigo Oliveira Cardoso, explicou o desenrolar do caso.  

 

Matusalém Sampaio comemorou a permanência da Consul no imóvel e disse que essa é uma vitória, em razão de sua força dentro do cooperativismo mineiro e nacional. O presidente recordou como se deu o acordo entre Usiminas e Consul, que tinha uma área no local onde foi construído o shopping.

 

“Para que pudesse ocorrer a construção, negociamos nossa parte com a empresa, desfizemos o comodato e, em contrapartida, ela (Usiminas) construiria o local onde estamos hoje. O tempo passou e a coisa tomou outro rumo, ao ponto de a empresa chegar a vender o imóvel para outra empresa”, recorda.

 

Entretanto, no dia 3 de julho, observa o presidente, a cooperativa recebeu a notícia de que a Usiminas estava impedida de vender o imóvel para terceiros. “Isso é muito bom, por que a negociação implicaria na dissolução da cooperativa e na geração de emprego direto e indireto.

 

O valor que teríamos de depositar é de R$ 32 milhões e, paralelamente a isso, temos uma ação em busca pelo ressarcimento da quantia. Se ocorrer do jeito que imaginamos, o dinheiro ficará em juízo e, depois, volta pra Consul. Se perdermos, o dinheiro já está depositado”, resume Matusalém Sampaio.

 

Para quitar os R$ 32 milhões, o presidente faz um apelo à comunidade para que dê preferência à Consul na hora de suas compras. “Nos ajudem a fortalecer o caixa e pagar essa quantia. Prestigiem a Consul. Temos preços competitivos e atendimento de primeira e precisamos pagar esse valor até fevereiro de 2017”, reiterou.

 

Entenda

 

Em março de 2013, a Usiminas colocou à venda o imóvel onde funciona o hipermercado Consul no Shopping do Vale do Aço. A cooperativa conseguiu uma liminar na Comarca de Ipatinga para bloquear o imóvel, mas cinco dias depois o Tribunal de Justiça de Minas Gerais derrubou a medida,  reconhecendo o direito de a Usiminas efetuar a transação. À época, o valor anunciado pela empresa para a venda do imóvel era de R$ 28 milhões. 

 

O advogado da Consul, Rodrigo Oliveira Cardoso, explica que a cooperativa já chegou a depositar um valor, mesma quantia que seria feita pelo concorrente caso fechasse negócio. A defesa alegou ao TJMG que o prejuízo da Consul seria incalculável e pediu que fosse condicionado à liminar a manutenção dos depósitos que seriam realizados.

 

O desembargador relator, Pedro Bernardes, concordou com a proposta e o processo ficou suspenso até a semana passada, quando a notícia da confirmação da decisão do desembargador foi dada.

 

“No pior cenário, o imóvel do shopping seria da Consul. Essa decisão do TJMG é muito pouco provável que exista um recurso para o Supremo Tribunal Federal (STF) ou Superior Tribunal de Justiça (STJ) que tenha chances reais de êxito, pelas circunstâncias do processo. É muito pouco provável que isso ocorra. Temos entendido isso como uma vitória”, avalia. A Consul terá de pagar o valor em parcelas semestrais, a mesma condição que o concorrente teria caso tivesse efetuado a compra. 

 

Como publicado pelo DIÁRIO DO AÇO, Usiminas e o Grupo Coelho Diniz chegaram a negociar a venda do espaço, que teria sido acordada, mas barrada após liminar ingressada pela defesa da Consul para impedir tal venda.