Ascom/SECI
Depois de mais um dia exaustivo de doze horas de trabalho, “eles” decidiram que não havia como sustentar essa situação. Reuniram-se com outros comerciários e foram para rua exigir o direito de “trabalhar para viver” e não “viver para trabalhar”. 30 de outubro de 1932, mais uma caminhada pela diminuição da carga horária. Agora, com a participação de cinco mil trabalhadores, que seguiram até o Palácio do Catete, Rio de Janeiro. No pensamento uma antiga exigência: a redução da jornada de trabalho de doze para oito horas diárias. Dessa vez a pressão fez efeito, o então presidente Getúlio Vargas, cede e assina o decreto de lei 4.042/32 que reduz a jornada de trabalho.
Mesmo depois de oitenta anos a data ainda é um marco no calendário dos trabalhadores. Tanto que o 30 de outubro passou a ser celebrado como o Dia dos Comerciários. Além dessa, outras conquistas marcam a história da categoria, mas a luta deve prosseguir. Segundo estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), os comerciários ainda trabalham em média 55 horas por semana. Para uma grande maioria desses trabalhadores não há domingos e feriados. Falta tempo para estudar e para o lazer. As metas de vendas são abusivas. As condições de trabalho nem sempre são adequadas. Trabalho em pé, barulho excessivo e muita pressão. Os salários são baixos, comissões pagas “por fora”, não há creches, ticket alimentação e oportunidade de qualificação profissional.
Como resultado dessas condições, muitos trabalhadores optam por buscar novas oportunidades em outras áreas. Para evitar que o comércio continue a perder bons profissionais, é importante trabalhar a valorização dos empregados do comércio. Essa valorização pode se expressar das mais diversas formas. Um salário digno, benefícios sociais e qualificação profissional são algumas das chaves para que o trabalhador sinta orgulho de ser comerciário. O SECI acredita que a empresa que investe em seus empregados tem muito mais retorno, principalmente porque reduz a rotatividade, ganha em produtividade e gera maior vínculo entre os funcionários e clientes.
SECI luta pela valorização dos comerciários
É por fazer dessa uma bandeira diária que o Sindicato trabalhou de forma persistente para conseguir o reajuste e a manutenção das cláusulas da Convenção Coletiva deste ano. Prorrogada por 15 dias, a negociação foi marcada pela irredutibilidade do sindicato patronal em conceder benefícios aos trabalhadores.
Apesar de o SECI ter entregue a pauta com mais de 60 dias de antecedência, as contrapropostas que eram apresentadas não satisfizeram a diretoria do Sindicato, pois não contemplavam os 65 itens que foram reivindicados.
Salários têm reajuste de 5% em outubro e mais 1,9% em janeiro
Apesar de toda a dificuldade imposta, o SECI conseguiu concluir a negociação e obter ganho real para a categoria. O piso da categoria passou de R$720 para R$756 a contar de 1º/01/13. Em 1º/01/14, o valor sofrerá outro acréscimo, passando para R$773. Quem recebe acima do piso salarial tem aumento de 5% a partir de 1º/10 e em 1º/01/14 tem outro acréscimo de 1,9%. O primeiro reajuste será pago no mês de outubro, recebido até o 5º dia útil de novembro.
Além do salário outros itens sofreram reajuste. Conheça os novos valores:
Benefício
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Valor máximo
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Abono (Duas parcelas)
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1ª – parcela R$ 85 (ref. à dez/13)
2ª – parcela R$ 85 (ref. à maio/14)
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Bonificação de casamento
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R$162,50
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Quebra de caixa
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R$60,50
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Prêmio de comissionista
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R$69,50
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Assistência familiar em caso de óbito
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R$14.476
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Plano de Saúde
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Serviço
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Valor
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Mensalidade do empregado
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R$27,50
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Mensalidade do dependente
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R$55
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Consulta
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R$20
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Exames
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R$80
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Franquia de internação
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R$75
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Limite para desconto de serviços médicos no contracheque
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R$120
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Além desses valores, quando o funcionário for desligado da empresa poderá ser descontado até 30% do valor líquido da sua rescisão com as despesas médicas.
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Oposição
O trabalhador que acreditar ser dispensável investir no seu Sindicato pode fazer oposição à taxa negocial. Essa contribuição é de R$8, e serve para manter o SECI firme para lutar pelos direitos dos trabalhadores. A oposição pode ser realizada individualmente de 21 a 30/10/13, de 2ª a 6ª feira, de 8h às 17h. Para isso, basta que o trabalhador compareça ao SECI com sua Carteira de Trabalho.
Salário dos trabalhadores deveria ser superior
Os benefícios conquistados durante essa negociação são de muita importância, mas não é o ideal para a categoria. Isso porque, segundo cálculos do Dieese, em março deste ano, o salário mínimo necessário, para se manter uma família de quatro pessoas, deveria ser no valor de R$2.824,92. Esse é o valor mínimo para que o trabalhador possa oferecer à sua família condições dignas de alimentação, educação, lazer, moradia, saúde, transporte e vestuário. Por isso, o SECI permanecerá na luta em prol dos trabalhadores, para que a categoria possa ter direitos e salários dignos.
O trabalhador que quiser conhecer todos os direitos previstos na Convenção Coletiva 2013/2015 pode acessá-la na seção “Acordos e Convenções” do site www.seci.com.br. A empresa que descumprir as cláusulas da Convenção pode ser multada no valor de 50% do salário comercial em favor do funcionário prejudicado.